Educação
Sexual
No início de janeiro deste ano, um dia após a posse presidencial, uma cartilha direcionada aos homens trans foi retirada do site do Ministério da Saúde, com a justificativa de que o material precisava de correções; no final do mês, o arquivo foi recolocado no portal, mas com a ausência de ilustrações.
Em março, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em transmissão ao vivo pelo Facebook, ter interesse em recolher cartilhas que orientavam a utilização do preservativo para adolescentes. Além disso, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, fez uma declaração em vídeo reafirmando estereótipos de gênero, como "menino veste azul e menina veste rosa".
A discussão de aspectos relacionados à sexualidade não se mostra deficiente apenas no plano do atual governo. Esse debate, embora acompanhe os indivíduos desde muito cedo, nem sempre é feito da maneira mais adequada, esbarrando em questões religiosas, culturais e sociais. Dessa forma, a educação sexual se apresenta como um dos caminhos possíveis para a abordagem do tema, destinada a diversas faixas etárias.
Na série de reportagens a seguir, buscamos trazer o tema à tona. Abordamos a percepção da educação sexual tida pelos indivíduos e como ela é explorada no cotidiano. Na reportagem ao lado, discutimos os espaços em que as pessoas tiveram o seu primeiro contato sobre o ensino da sexualidade, além de onde elas costumam buscá-lo.
Quando se trata de crianças e adolescentes, muitos responsáveis acreditam que a abordagem de aspectos relacionados à sexualidade deva ser função apenas da família. Dentre eles, alguns preferem ter maior controle sobre o ensino de maneira geral, por isso, optam pelo modelo de Educação Domiciliar, também conhecido como homeschooling. No Brasil o projeto de lei para a regulamentação desse modelo foi encaminhado ao Congresso Nacional em abril.
Na segunda reportagem da nossa série, disponibilizada ao lado, entrevistamos pais adeptos ao homeschooling para entender a inserção da Educação Sexual nesse tipo de ensino. Em contrapartida, profissionais da rede básica de educação também foram consultados sobre a inclusão do tema nas escolas.
Segundo o Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em dois mil e dezoito, a população mais afetada pela sífilis são as mulheres, principalmente as jovens, na faixa etária de vinte a vinte e nove anos. Na terceira reportagem, logo abaixo, serão abordados enfrentamentos específicos aos jovens, como o aumento dos casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis, as ISTs, no Brasil, e como eles têm lidado com a temática da sexualidade.
As mulheres jovens foram escolhidas como foco desta reportagem devido à condição de principais usuárias do serviço de saúde no País. Também serão informados alguns locais nos quais pode se buscar atendimento para a prevenção e o tratamento das ISTs em Fortaleza.
As plataformas midiáticas, se usadas adequadamente, podem ser poderosas aliadas à divulgação de quaisquer conteúdos. Quando se trata de temas de aspecto instrutivo, essa função se torna ainda mais relevante, pois a utilização desses recursos costuma ser chamativa e ter público abrangente, além de possuir grande potencial inspirador - tudo que a gente consome pode influenciar o nosso comportamento.
Na reportagem ao lado, a quarta de nossa série, a discussão apresentada é sobre o papel da mídia na educação sexual do público e se essa orientação ocorre de forma adequada. Para isso, foram entrevistados especialistas que trabalham com a temática, como sexólogas e produtores de conteúdo sobre a sexualidade.
A partir da perspectiva do conservadorismo que circunda a discussão da sexualidade no Brasil, traçamos percursos de como a faixa etária dos idosos é e foi atingida pela discussão inadequada de questões sexuais ao longo de suas vidas. As mulheres são as principais figuras desta quinta e última reportagem, devido ao histórico das repressões e inibições enfrentadas por elas, quando inseridas em uma sociedade patriarcal.