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Relatos

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Durante toda minha vida tive uma relação de conflito e dor com minha menstruação. Menstruei aos 10 anos e sempre sofri com cólicas, e muita, muuuuita TPM! Ficava insuportável com a TPM! Tinha nojinho e vergonha do meu sangue, meu fluxo era muito intenso e era comum vazar do absorvente e manchar a calça em situações constrangedoras (na escola, no shopping com amigos...). Com 16 anos comecei a tomar anticoncepcional mesmo sem ter relações sexuais, só pra tentar domar o monstro da menstruação. Com o anticoncepcional meu fluxo diminuiu, a TPM deu uma amenizada e acabaram as espinhas, mas acabou também a verdadeira Carolina. Parecia que eu estava anestesiada, não me sentia de verdade. Sentia que estava escondendo algo meu. Eu sabia quando minha menstruação viria apenas porque acabava a cartela de anticoncepcional, mas não sentia nada de diferente no meu corpo. Não sabia reconhecer quando menstruaria pelos meus sintomas, só porque a cartela acabava. Não existia conexão entre o que eu sentia e meu ciclo, não existia consciência desse ciclo. Tomei anticoncepcional até os 22 anos e, então, decidi colocar o Mirena [dispositivo intrauterino - DIU - de progesterona]. Fiquei com o Mirena por quase 2 anos, mas ainda assim me sentindo anestesiada. Há quase um ano decidi tirar o DIU e aprender a viver "ao natural" e vou te contar: melhor decisão da minha vida! Depois de abandonar os hormônios, percebi que meu fluxo não é mais intenso como era na adolescência e que minhas cólicas estão mais relacionadas com meu equilíbrio emocional do que com a própria menstruação. Aprendi a perceber meu sangue e a entender o que ele me diz (por meio da cor, textura e cheiro, consigo perceber se está tudo bem). Pouco a pouco fui aprendendo a conhecer meu ciclo, minhas fases. Um instrumento chave nesse processo de (re)conexão comigo mesma foi a mandala lunar, com ela consigo monitorar meu ciclo, a perceber padrões presentes nas fases cíclicas que toda mulher vive e, com isso, consigo me conectar e respeitar meu ciclo e meus padrões. Hoje tenho uma relação linda com minha menstruação! Mesmo quando tenho cólicas, dores de cabeça, espinhas e tudo mais, consigo enxergar o sagrado que é ser cíclica, que é se renovar a cada mês. Atualmente uso coletor menstrual e planto minha lua, um simples ato que faz com que eu me sinta muito mais conectada com a natureza. Sinto que faço parte dela, e faço. É simplesmente mágico perceber que o monstro da menstruação na verdade não é um monstro e sim uma construção social que nos faz acreditar que nosso sangue é nojento, que menstruação está sempre relacionada com sofrimento. Não, menstruação não é mais esse monstro pra mim; é só uma fase mágica (sangramos todo mês e não morremos) que faz parte de um ciclo sagrado feminino.

Carolina, 25, psicóloga

A verdade é que minha relação com a menstruação é péssima. Eu odeio menstruar, por mais que seja uma ação do corpo demonstrando que ele está, de fato, saudável. Vai chegando o período da TPM e vou sentindo a minha autoestima diminuindo, a pele fica cheia de espinhas, a imunidade vai baixando e você fica suscetível a qualquer gripezinha. Aí começa a irritabilidade, a tristeza sem motivo, as explosões de raiva. Eu pelo menos evito qualquer contato desnecessário com outras pessoas. Também tem a cólica. Ah, a cólica... É o pior de tudo, a dor no ventre chega até as costas, você fica inchada e, se for como eu, vai ter enxaqueca pelos três primeiros dias. Sei que muitas mulheres são contra, mas decidi tomar anticoncepcional de forma intermitente (também por recomendação médica). Por mim, eu não menstruaria. Entendo quem se empodere pela menstruação, mas a parte negativa sempre foi forte em mim. Por mim, também, seria lei a mulher faltar todas as suas obrigações, sem consequências, no dois primeiros dias da menstruação.

Aline Medeiros, 24, jornalista

Desde o inicio da minha puberdade, logo quando comecei a ter meu ciclo mestral, e atá hoje minha menstruação é muito irregular chegando a ficar até 6 meses sem nenhum fluxo. Tudo isso devido aos micropolicistos nos meus dois ovários. Já me preocupei tanto, já fiz inúmeros exames, já fiz vários tratamentos. Hoje eu dia eu não "grilo" mais, vivo "de boas" com minha irregularidade, mas as vezes tenho medo do que isso irá me trazer de consequência mais tarde.

Rose Maciel, 26, estudante

Parece besteira, mas desde sempre sofri com menstruação, até ela se tornar um símbolo de cura e resistência. Foi quando tudo mudou. Quando eu era novinha, tinha uma visão muito simbólica da menstruação. A partir do momento em que menstruasse, acreditava que tudo na minha vida mudaria. Demorei muito para me tornar “mocinha” e quem sabe se não foi justamente por essa expressão que sofria de ver minhas amigas passando por fases de desenvolvimento que eu não havia passado. Me sentia a patinha feia da turma, a mascote da escola. De certa forma, me reduzia e me limitava pois acreditava ser menor por dentro e por fora. Menstruar resolveria tudo. Mas não resolveu. Lembro-me da primeira cólica, do primeiro sangue e do choro incessante que veio depois disso. Gritei pra minha mãe do banheiro e choramos juntas por horas pois naquele ponto já havia sofrido tanto com a ausência dela que quando ela chegou não a queria mais. Foram anos de anticoncepcionais para regularizar o ciclo, TPMs insuportáveis, cólicas prostantes e dismorfia que menstruação nenhuma poderia resolver. Até que eu tive anorexia, tive de parar com os remédios e minha menstruação parou. Meu corpo, perfeito que é, sabia que precisava parar a menstruação para não perder nutrientes que naquele momento eram necessários e escassos dentro do meu corpo. Mas nesse momento a sensação de ser menor, atrasada, pequena se evidenciou. Eu tinha um problema e ele não era menstrual. Meu problema era como eu me enxergava. O choque da interrupção da menstruação foi minimamente assustador. Menstruar novamente se tornou uma meta, mas não um fim. Uma motivação, quase como um símbolo da minha vitória contra a tristeza que tomava conta da minha vida. Quando teve um dia que senti cólica. Estava na casa da minha avó e quando fui no banheiro, vi sangue. Aquele sangue vermelho nunca me foi tão lindo. Como na minha primeira menstruação, gritei para minha mãe. Choramos e desta vez foi de alegria. Hoje você reviveu, ela disse. Hoje penso na minha menstruação como símbolo de que estou me curando e me cuidando, de que meu corpo está saudável e eu, resistindo.

Lili, 24, professora

Minha relação com a menstruação sempre foi complicada, sempre odiei. Desde cedo, sentia muita cólica e a ideia de ter que continuar com todos os meus afazeres durante esse período era um martírio. Isso continuou até o dia em que fui na ginecologista e, depois de exames, descobri que possuo síndrome dos ovários policísticos. Ela me receitou um anticoncepcional pra aliviar as cólicas, e realmente aliviou. Eu não sentia mais nada. Porém comecei a perceber meu corpo inchando muito e crises de enxaqueca se tornaram mais frequentes. Resolvi parar com o remédio... As mudanças no corpo e o histórico de casos de trombose na família me motivaram. Hoje, sinto minhas cólicas fortíssimas. Sei que menstruação é algo natural, é saúde, mas odeio. A dor me faz odiar.

K.B., 20, estudante

Olha... atualmente eu vejo como uma terapia pra ver se crio autocontrole como ser humano sabe, os meus ciclos são intensos e afetam diretamente meu humor de modo muito negativo. Como se não bastasse, as cólicas menstruais são realmente algo doloroso junto com a dor nas costas e minha pressão ficando mais perto de baixar que o normal.

Consuelo Souza, 17, estudante

Talvez uma das experiências mais interessantes tenha sido a mudança para o coletor menstrual. Eu sempre tive muitas cólicas e um fluxo intenso, usar absorvente por vezes tornava ainda mais desconfortável esse período. Não foram poucas as vezes em que vazava e eu precisa trocar o absorvente e escolher posições pra dormir pra não sujar a cama. Se sentir insegura porque poderia sujar a roupa. Fora que nos últimos dias acabava tendo alergias por conta do uso contínuo de absorvente. Quando mudei para o coletor foi uma mudança gigantesca na liberdade, embora nos primeiros três meses tenha sido difícil a adaptação. Porque existem vários tipos de coletores e eles se adaptam de forma diferente à cada canal vaginal e aí precisei encontrar o meu tipo e a maneira mais confortável de tirar e colocá-lo. Mas ganhei, em troca dessa disposição, paciência e adaptação um conhecimento maior do meu corpo, do meu fluxo menstrual, e uma liberdade gigante de usar a roupa que quisesse, dormir na posição que me fosse mais confortável, sem correr o risco de vazar nada. Recomendo meninas!

V.M., 25, mestranda

Pra mim é algo normal com o que aprendi a viver. Menstruei com 13 anos e foi uma experiência bem assustadora e desconfortável no começo, mas hoje já vivo bem com isso. Costumava ter cólicas fortíssimas e um fluxo muito longo, mas passei a usar anticoncepcional há mais ou menos três anos e ao menos pra mim foi algo positivo, regulou meu fluxo e diminuiu minhas dores. Hoje não abro mão, mesmo quando não estou com a vida sexual ativa.

Juliana, 23, estudante

Pra quem tem SOP (Síndrome do Ovário Policístico), a menstruação é um caso de sonho e pesadelo. Por causa da Síndrome, a menstruação é irregular e o ciclo é bem bagunçado. O sonho é quando a menstruação vem. O pesadelo é a irregularidade e as consequências dela. Três meses sem vir... Ou seis meses... Já passei quase dez meses sem menstruar. Além disso, a TPM pode durar mais do que o previsto, o que implica em menos vitalidade e desejo sexual; o fluxo sanguíneo pode ser muito intenso quando vem, as cólicas são mais fortes, enfim... Tento controlar com aplicativo de calendário e ter uma rotina saudável. No momento, tô torcendo pra minha menstruação descer pra os hormônios voltarem ao normal!

Q.F.C., 25, estudante

Faço uso regular de anticoncepcional, assim consigo controlar quando menstruar. Caso eu não vá viajar ou ir à praia por exemplo, deixo o fluxo vir, não me incomoda, nem tenho sintomas incômodos como cólicas. Pra mim é super tranquilo. Na maioria das vezes, dou o intervalo de 4 dias do anticoncepcional (conforme orientação médica), assim fico menstruada. Como é algo natural, prefiro permitir ao invés de tomar o remédio sem intervalos e não menstruar. Tenho as duas opções.

PriD, 29, estudante

Durante a adolescência sentia muitas dores e não percebia grandes alterações de humor ao longo do ciclo menstrual. Tenho síndrome dos ovários micropolicísticos e desde muito cedo (14 anos) comecei a tomar anticoncepcional como "tratamento", muito antes de ter relações sexuais. Entre muitas idas e vindas, atualmente tomo, porque sem ele chego a passar 4, 5 meses sem menstruar. Hoje percebo que fico bastante sensível emocionalmente no período da TPM e no período menstrual sinto dores nas pernas e minha pele enche de espinhas desagradáveis. Gostaria de usar coletor e absorvente de pano, mas ainda não dei esse passo para me livrar dos absorventes convencionais. Além disso, gostaria bastante que minha menstruação fosse regularizada sem hormônios sintéticos, pois sinto muita mudança no meu humor, disposição e libido.

E.V.S.P., 23, mestranda

Nossa, eu não tenho muito a reclamar do meu ciclo. Não sei se é por causa do esporte ou da alimentação (alimentação nem tanto porque não me alimento muito bem), mas ele é regulado; não uso nenhum tipo de anticoncepcional; não sinto cólicas. Só no meu período pré-menstrual que aparecem algumas espinhas, me sinto inchada e com os seios sensíveis.

Gê, 22, estudante

Meu período menstrual é a fase do mês que eu mais detesto. Não pelo sangue, mas pela TPM bem realçada (manifestada por muito estresse e sensibilidade) e pelas cólicas horríveis que sinto. Como eu prefiro não tomar remédios para aliviar (não gosto da idéia de me drogar, não curto isso de banir o que é natural), sinto fortes dores que duram 3 horas, normalmente. Por conta disso, não gosto dessa fase do mês. O ritual que é a menstruação em si, quando vemos o todo, é um processo lindo, é o corpo se regenerando para novamente esperar o momento de formar uma vida. É uma pena que a maioria das mulheres, assim como eu, acabe focando apenas no lado ruim do processo.

Mirlla, 21, estudante de enfermagem

Desde criança sempre achei que a menstruação era algo normal do corpo da mulher e sempre encarei com muita naturalidade. Só com 12 anos fui entender todo o tabu que ainda existe por trás dela. Um dia, no colégio, estava sentada na cadeira, encolhida por causa das dores da cólica. A professora, então, parou a aula e mandou eu sentar direito. Eu respondi muito naturalmente "Professora, eu tô menstruada e com muita cólica, sentar assim alivia a minha dor". Tomei um susto com a reação das pessoas: a turma inteira se virou para mim com uma cara de espanto, inclusive a própria professora. Totalmente chocados, como se eu tivesse falado um grande absurdo. Depois da aula ainda precisei ouvir comentários do tipo "Tu é louca, como teve coragem de falar isso na frente da turma toda??", aos quais eu só respondia com um simples "Ué, mas eles não sabem que as mulheres menstruam?". Fico triste de perceber que, quase 10 anos depois, as coisas não mudaram tanto. Ainda vejo mulheres escondendo seus absorventes e usando eufemismos pra se referir à menstruação, como se o funcionamento natural do nosso corpo fosse motivo de pudor :(

Lígia, 21, estudante

No nono ano ganhei um absorvente de amigo da onça. Ele veio embrulhado num chumaço de papel higiênico. Nunca fiquei tão envergonhada na minha vida. Odiava ter uma intimidade minha tão revelada. Odiava menstruar. Odiava menstruação. Naquela época, era mais intimidade do que saúde. Era aquilo que você escondia do pai, do vô, do irmão. Quase erótico. Me sentia violada cada vez que olhavam o saquinho do Always. Perdi as contas de quanto absorvente coloquei no bolso do uniforme. Muito tempo perdido. Foi preciso muito discernimento, conversa feminina e aceitação corporal para perceber menstruação como biológico, como um processo hormonal normal. Hoje, percebi que ressignificar o menstruar serviu também para perceber o feminino em mim. É conexão :)

Cindy Damasceno, 24, estagiária

Minha relação com minha menstruação é muito amigável, mas nem sempre foi assim. Quando criança/pré-adolescente me sentia envergonhada por estar menstruada. Aprendi com minha mãe que eu deveria "esconder" meus absorventes em bolsas para que as pessoas, principalmente meninos, não percebessem minha condição. Parecia nojento. Só quando comecei a apresentar problemas de saúde com meu ciclo eu passei a agradecer cada menstruação que vinha. Eu me sentia, de certa forma, mais saudável. Conhecer o movimento feminista também mudou bastante a forma com a qual me relaciono com meu ciclo. Eu me aceito entendo que de forma alguma devemos esconder nossa condição como mulheres. Hoje eu me sinto grata por encontrar alguém que, mesmo sendo homem, não decidiu compactuar com os padrões machistas dessa sociedade. Encontrei alguém que não me condena, pelo contrário, me liberta mais do que eu achava que já estava libertada. Hoje eu me sinto muito mais confortável com minha condição e esse sentimento cresce a partir do momento em que eu conheço novas mulheres e aprendo com elas.

Kathelyn, 18, estudante

Minha relação com minha menstruação/útero não é muito boa. Passei cerca de um ano com ciclos menstruais irregulares, sentido dores, desconforto etc. Depois de algumas consultas médicas descobri que estava com disfunção hormonal, que é um problema muito comum em mulheres, porém pouco comentado.

Thaís Andrade, 19, estudante

Menstruei aos 10 anos de idade e desde pequena sofri com fortes dores de menstruação. Ainda nem entendia direito o que estava acontecendo e porque eu não podia ir pra aula de natação naquela semana. Muitas dores. Todos os meses. Depois de uns 6, 7 anos descobri que tinha endometriose. Uma doença horrível ligada ao período menstrual. Tenho que conviver com isso. Mesmo me tratando, em alguns meses, a dor vem muito forte.

Ana, 23, estudante

Tive a fortuna de ser bem orientada pela minha mãe sobre a menstruação, ainda que me foi ensinado a ser discreta e não comentar ao respeito na frente de homens ou com homens. Durante os primeiros anos usei como absorventes toalhas de tecido que lavava, mas me incomodavam muito em todos os aspectos - só que absorvente descartável era caríssimo. Minha faculdade de Biologia Marinha e meu trabalho me deram várias independências: trabalho para ganhar dinheiro e comprar absorvente externo e interno; informação sobre a fisiologia feminina; autoconfiança para falar abertamente e incluir meu parceiro no processo, lhe ajudando a entender como eu "funcionava"; e segurança para ensinar a complexidade do "fenômeno" menstruação aos meus alunos, tanto homens quanto mulheres.

Sandra Pedreros, 53, professora de ensino superior

Nunca tive grandes problemas com a menstruação, mas achava algo inconveniente. Isso mudou quando passei a usar o coletor menstrual e parei de tomar pílula anticoncepcional. Meu fluxo mudou, tive efeitos colaterais, mas nada que me fizesse desistir. Uso o copinho há mais de um ano e hoje trato a menstruação como mais uma fase do meu corpo, algo que faz parte de mim e que não vejo necessidade em alterar quimicamente. Fui à praia no Carnaval e estava menstruada, mas por ter o copinho e estar "de bem" com meu corpo, nem liguei. Essa sensação é libertadora, percebo que consigo falar mais abertamente sobre meu ciclo, espalho a palavra do copinho para todas que me perguntam e fico confortável com o assunto.

F.M.V., 26

Desde sempre não tive uma boa relação com minha menstruação. Acho muito incômodo e por isso tomei anticoncepcional contínuo por muitos anos. Assim, consegui que ela cessasse. Mas isso trouxe alguns efeitos colaterais e o pior deles foi a minha libido que zerou. Hoje não tomo mais o anticoncepcional e estou em busca da colocação do DIU. Espero que me adapte a ele.

Mayra, 21, estagiária

Minha relação com a minha menstruação foi mudando ao longo do tempo. Menstruei muito cedo, aos 12 anos. Foi muito estranho e confuso ver aquele sangue saindo de mim, além das dores de cólicas e mal humor. No início era só incômodo e raiva, por ter que passar por isso. Meu fluxo é muito intenso e por isso sempre passava perrengue na escola, igreja, faculdade... Só que do ano passado pra cá minha relação com a minha menstruação mudou bastante. Eu comecei a usar o coletor menstrual e isso me revelou bastante coisa. Eu senti que aquele sangue, que por tanto tempo eu condenava, na verdade é intrínseco a mim. Comecei a me orgulhar do meu corpo a cada mês. As cólicas agora têm um outro significado pra mim, eu tento entende-las. Parei de tomar remédios para cólica pois percebi que menstruação não é doença. Tá sendo muito massa esse processo de me encontrar em mim.

Débora, 20, desenvolvedora de software

Eu tenho endometriose. Ela é uma doença que me traz muitas dores durante o período da menstruação. Eu sofro com muita dor desde que comecei a menstruar. Para tentar avaliar as dores preciso tomar anticoncepcional; porém, nem com isso consigo sentir menos dores. Enfim, meu período mestral é muito sofrido.

Amanda, 28, cientista de dados

Minha relação com a menstruação vem desde quando eu tinha de nove pra 10 anos de idade. É algo que se iniciou ainda muito cedo. Ao longo desses 15 anos menstruando, já passei por diferentes fases. No início, até meus 17 anos, o fluxo era bem intenso e as cólicas também. Dos 18 anos pra cá, vivo uma outra fase. Cada mês é uma caixa de surpresas. Geralmente o fluxo ainda se mantém forte, durando no máximo 5 dias (isso me acalenta). As cólicas variam a cada mês. O que eu passei a notar de diferente é que passei a ter enjoos com frequência. Já fiz exames de ultrassom e nada foi diagnosticado. Não tenho ódio por menstruar, mas gostaria de ter menos sintomas ruins como cólicas, náuseas, cansaço e mudança de humor.

Michelle, 24, professora

A menstruação é, de fato, algo fisiológico. Precisamos vivenciar esse período que traduz não só na fertilidade feminina, mas que caracteriza um ciclo importante na vida da mulher. No entanto, não propago que é algo romantizável, que é bonito... que escorrer sangue nas pernas é bonito. Não. Não é. Não é higiênico. Mas, verdade seja dita: é saudável menstruar.

M.A.F., 24, enfermeira

Menstruei aos 11 anos e, desde então, sempre detestei. Primeiro que, assim que estava para a bendita dar as caras pela primeira vez, eu passei a noite toda com o mundo girando, parecia que eu tinha tomado um porre daqueles de tão tonta que não conseguia ficar de pé. Até hoje, aos 33 anos, me lembro daquela noite infernal. Aos meus 20 anos, descobri que eu tinha micropolicisto e que seria refém da droga do anticoncecional até que meu problema fosse solucionado. Acabei que, nessa historia, até hoje eu evito ao máximo menstruar e acabo emendando uma cartela na outra sem intervalo. Me sinto tão livre, tão bem, mas sei que não estou fazendo bem para o meu corpo. Só de pensar nas dores que a menstruação traz, já odeio com força.

Ivy, 33, desempregada

Minha mãe morreu quando eu era criança. Meu pai não casou de novo. Eu só tinha irmãos homens. Sem tias ou primas próximas. Avós já falecidas. Uma vez uma professora tentou me ensinar sobre menstruação, mas eu não entendia o que ela estava falando. Aprendi sobre menstruação lendo os livros de biologia do ensino médio do meu irmão. Minha menarca foi aos 10 anos, e durou 10 dias. Eu me senti diferente, mais fraca e vulnerável que meus irmãos. Fui a primeira das colegas de escola, e tinha vergonha de falar sobre isso. Da primeira até a segunda menstruação, houve um intervalo de 7 meses. O que contradizia tudo o que eu havia lido nos livros. Eu achava que meu corpo era "anormal" e que eu nunca iria menstruar de novo. De certa forma, era meu desejo. Mas aconteceu de novo e de novo, porém nunca tive um ciclo regular. Podia demorar de 2 a 6 meses. Eu nunca sabia quando iria menstruar. Quando acontecia, me afetava tanto fisicamente quanto psicologicamente. Eu tinha vergonha de comprar absorventes, pedia pro meu pai comprar. No começo da adolescência, o fluxo menstrual era bem intenso, o que causava tensão em relação a sujar a roupa em público. Porém com o passar dos anos, o fluxo foi diminuindo. Antes da primeira relação sexual, eu achava vantajoso não ter um ciclo e menstruar poucas vezes. A menstruação sempre foi algo desconfortável para mim, tanto pelas fortes cólicas quanto pela sensação de "estar sangrando". Depois da perda da virgindade, eu comecei a entender a importância de ter um ciclo. Porém, eu tinha uma vergonha enorme de ir a um ginecologista. O que fez eu ir a um foi o fato de começar a ter pequenos sangramentos que podiam durar um dia ou acontecer em vários dias. Aliado a isso, também havia o fato de um endocrinologista ter suspeitado de eu ter Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Eu sempre havia achado que eu não menstruava direito porque a maior parte da minha vida eu estive abaixo do peso, mas aí descobri que podia ser por conta da SOP. De fato, os exames que fiz constataram que eu possuía microcistos nos ovários. Porém, a ginecologista a qual fui me deixou com mais dúvidas que soluções. Atualmente estou no tratamento utilizando anticoncepcional. Só descobri depois que ele geralmente faz a menstruação parar, porém eu ainda tenho os pequenos sangramentos ocasionais. Não sei se são efeitos colaterais ou se ainda são da mesma origem de antes de começar o tratamento, pois a ginecologista não deu uma explicação clara do que poderiam ser os sangramentos.

Jessica, 24, estudante

Uso coletor menstrual há 9 anos e mudou totalmente minha vida. Como não "convivo" com a menstruação sentindo ela durante o dia (só troco coletor pela manhã e de noite) meus sintomas, TPM, cólicas e aborrecimentos com a menstruação acabaram. Nesse tempo todo de coletor, usei absorvente uma vez por estar fora de casa e esquecer o coletor e me senti péssima com a sensação de umidade e insegurança a cada espirro ou tosse. Coletor menstrual revolucionou minha vida e a minha relação com a menstruação, que passou de ser um peso para simplesmente ser uma coisa natural do corpo e do ser mulher.

Mari, 41, cuidadora de idosos

A menstruação para a maioria das mulheres faz parte do cotidiano, mas pra mim é um período de dor. Não chega a ser um sofrimento, mas tenho plena consciência que é por opção minha e procuro não reclamar.

P.S., 32, pós-doutora em química

Período sempre difícil. Morosidade presente, a dor faz parte. A concentração às vezes não vem. E o pior é ter que lidar com a TPM... Essa parece que dura o mês inteiro. Tem a opção de não menstruar, mas ao mesmo tempo optei por deixar o corpo sem os hormônios dos medicamentos... O medo do efeitos colaterais é maior.

T.C., 25, auxiliar administrativa

Depois de anos tomando anticoncepcional, parei no início do ano e hoje eu aproveito cada fase do meu ciclo e me conheço melhor. Eu adoro ficar menstruada apesar dos desconfortos típicos. Também uso coletor e jogo meu sangue nas minhas plantinhas. Menstruação e sangue estão longe de ser tabu para mim, é o sinal que meu corpo está funcionando bem.

Natalia, 32, professora de ioga

Nesse período não me sinto segura, a mim tudo incomoda. Esta cólica... Fico muito sensível, choro por tudo. Nós sofremos muito nesses dias.

Alem M, 45, empregada doméstica

Minha menstruação sempre foi bem regular, nunca tive muitos problemas com cólicas, mas costumo ter no primeiro dia, apenas. Meu ciclo é consideravelmente regular e sincronizado com os das mulheres da minha casa.

Ana Clarice, 19, estudante

Minha relação com a menstruação é péssima. Com certeza um dos piores momentos do mês, atrapalha meus estudos, minhas atividades... Sem citar que a faculdade não disponibiliza locais para tomar banho; então, ter que passar o dia inteiro na faculdade menstruada e sem poder tomar banho é um terror, e, se sujar a calça já era, você perde o dia inteiro, pois tem que voltar pra casa para mudar de roupa. Devido a falta de tempo, não posso me utilizar de meios alternativos para amenizar as dores de cólicas; uso apenas medicamentos, o que vem gerando uma maior resistência a eles.

Thalia, 21, acadêmica de enfermagem

Não gosto da menstruação. Me sinto suja e sempre com medo do absorvente não ser o suficiente e vazar. Esse medo não faz o menor sentido porque o máximo que vai acontecer é minha roupa sujar e as pessoas verem que EU SOU MULHER E MENSTRUO. Acredito que isso seja algo imposto pela sociedade, como se fosse algo extremamente vergonhoso sujar a roupa com algo tão natural. Estou começando a me desconstruir, começando com não esconder o absorvente. Quando eu era mais nova, parecia que eu estava com algo ilegal nas mãos que ninguém poderia ver; hoje nem me esforço pra esconder. Quem achar ruim que ache. São coisas que fazemos em relação a isso que não fazem o menor sentido.

Fernanda, 20, estudante

Hoje acabei de entrar nesse ciclo maligno, odeio menstruar. Antes tomava pílula para não menstruar e continuar protegida, tomei por 3 anos. Resolvi parar porque os efeitos colaterais vieram mais fortes nos últimos meses (queda de cabelo, espinha e sem a mínima vontade de transar) . Agora tô aqui voltando às origens, inchada, dolorida ,enjoada, cólica "fuderosa". Por que os homens não sofrem pelo menos 10% disso? Já pesquisei em alguns sites que não é tão importante menstruar. Para acabar com esse ciclo só interligando cartelas de pílulas anticoncepcionais, injeções trimestrais ou DIU.

Ana, 25, empregada terceirizada

Minha relação com a menstruação já foi bastante conflituosa, mas hoje em dia eu apenas aceito que esse é um ciclo necessário para o meu corpo e que tudo bem passar por isso todos os meses. Aprendi a amar esse momento de vulnerabilidade em que os sentimentos estão muito mais à flor da pele e a não ter nojo do que é meu, do que sai de mim. Gratificante é se sentir bem consigo e com esse assunto, que ainda é muito tabu na sociedade. Vivemos!

Izabelle, 17, estudante de química

Comecei a menstruar aos 9 anos e, como é de se esperar, isso destruiu parte da minha infância, porque enquanto minhas amigas corriam no recreio, eu ficava sentada com cólicas, mas sem ter coragem de contar a ninguém. Tive vergonha, porque minha mãe sempre foi muito aberta sobre esses assuntos comigo, mas ela sempre dizia que eu estava "precoce demais". Por falar em cólicas, isso sempre me perseguiu a vida inteira. Sempre sofri muuuuuito com dores de cólica e nenhum remedinho desses comuns fazem a dor passar. Os exames sempre mostram que tá tudo certinho comigo, mas já cheguei a desmaiar de dor. Um dia, pedi ao meu ginecologista que passasse um remédio para acne e ele queria me prescrever um anticoncepcional, eu me recusei. Ele me passou um manipulado, só que esse medicamento me fazia não menstruar. Passei um ano utilizando e foi "a melhor fase da minha vida". Ou, pelo menos, era o que eu pensava. Por conta da menstruação que não vinha, minhas veias da perna começaram a inchar e tive que fazer uma cirurgia para "secá-las". Vi que não tinha futuro, larguei o remédio e hoje tento lidar com a dor que a menstruação me proporciona. Alguns meses são mais difíceis que outros, mas fazer o quê? Com relação à menstruação em si, não tenho problemas em falar sobre ela, mas particularmente não gosto de ter contato com sangue, então tenho alguns tabus, tais como tocar no sangue ou usar para fins artísticos, por exemplo.

R.R.B., 24, estudante

Me sinto bem com minha menstruação, mas a TPM me incomoda demais. Fico irritada e deprimida com muita facilidade. Meu marido, na maior parte das vezes me entende e me ajuda, mas tem dias que eu mesma não me suporto. Me sinto feia, burra e imprestável.

Neguinha, 32, estudante de doutorado

Eu menstruei pela primeira vez aos 11 anos. Mesmo o assunto não sendo tabu aqui em casa, eu escondi da minha mãe, porque não sabia que aquilo era menstruação, O primeiro ciclo nunca vem vermelhinho, sabe? Por ser muito nova foram anos me escondendo. Ninguém podia saber que eu menstruava. Essa vergonha acho que acompanha todas as mulheres, que se submetem a todos os tipos de manobra quando estão em público e acham que precisam esconder o absorvente ao ir ao banheiro. Menstruação é tabu e tudo relacionado a ela também. Absorventes são caros e ninguém fala sobre como mulheres em situações delicadas (detentas e moradoras de rua) se viram nesse período. Não gosto de menstruar. Não tenho sintomas de TPM muito fortes e minhas cólicas são, na maioria das vezes, suportáveis. Porém, se eu, com todos meus privilégios acho caro e incômodo menstruar, imagina só essas mulheres.

Thais, 21, estudante

Minha frase que resume minha menstruação é: ruim com ela, pior sem ela! Tem alguns meses que a TPM só falta me matar de tanta sensibilidade, outros que eu viro um papa-tudo, comendo até os rebocos das paredes. Nem sempre tenho cólicas, mas, quando aparece, é como se estivesse fazendo uma cirurgia sem anestesia, os seios muito sensíveis e um cio incontrolável! 😂😂 Não uso anticoncepcionais. Mesmo não querendo ser mãe, nas vezes que o fiz, sempre atrasou meu ciclo que é bem regradinho. O que falta investir nessa bendita é em um coletor, os absorventes me deixam dolorida e com a pele bem irritada. Também tenho que frequentar melhor a ginecologista, conversar com profissional é sempre esclarecedor.

Mari, 27, estagiária de pedagogia

Eu nunca gostei muito de menstruar,mesmo sendo “sinal de saúde”. Tinha cólicas insuportáveis, o fluxo vinha muito forte, dores nas costas e cóccix também sempre apareciam. Até que comecei a tomar anticoncepcional de 21 dias para regular a menstruação. Foi aí que comecei a me dar melhor com ela. Sumiram os sintomas ruins, os dias do ciclo ficaram certinhos e o fluxo diminuiu. Foi uma mudança muito boa... Hoje somos amigas haha

Helena, 19, estudante

Sempre pensei que a menstruação fosse uma autossabotagem do corpo feminino. Todo mês um desconforto, dores, o sangue cumprindo um ciclo. Fui educada para ter vergonha disso: esconder absorvente em público, morrer de insegurança nos dias de fluxo. Mas com o tempo a gente se constrói e toma consciência de si. Nossos corpos são a resposta para muitas das coisas que nos constroem socialmente como mulheres. Espero que isso ganhe uma perspectiva de libertação um dia e não mais de fardo. E que não exista nojo de algo tão natural.

Mari, 18. estudante

Eu aprendi que a menstruação era importante com a minha vó. Toda aquela parada de conexão com a natureza e tal. Quando eu namorava eu respeitava o momento. Hoje, solteira, me sinto incomodada com a menstruação e o como ela pode me fazer perder um sexo casual no fim de semana. Por isso eu, por vezes, emendo a pílula.

Gina, 22, estudante

Eu costumava ter cólicas muito fortes, incapacitantes mesmo. Ainda tô devendo a mim mesma um exame pra saber qual a origem disso. Mas os chás (camomila, alfavaca, canela, casca de cebola) têm me ajudado. Parar de fumar durante o período menstrual também ajuda. De uns meses pra cá, comecei a usar coletor. É muito bom e muito prático! Mas acho que vou ter que deixá-lo de lado por enquanto, devido a umas dores estranhas que se intensificam logo após colocá-lo.

V.E., 19, artesã

Minha relação com a menstruação sempre foi complicada, sempre odiei. Desde cedo, sentia muita cólica e a ideia de ter que continuar com todos os meus afazeres durante esse período era um martírio. Isso continuou até o dia em que fui na ginecologista e, depois de exames, descobri que possuo síndrome dos ovários policísticos. Ela me receitou um anticoncepcional pra aliviar as cólicas, e realmente aliviou. Eu não sentia mais nada. Porém comecei a perceber meu corpo inchando muito e crises de enxaqueca se tornaram mais frequentes. Resolvi parar com o remédio... As mudanças no corpo e o histórico de casos de trombose na família me motivaram. Hoje, sinto minhas cólicas fortíssimas. Sei que menstruação é algo natural, é saúde, mas odeio. A dor me faz odiar.

Bianca Sacilotto, 20, recepcionista

Minha relação com a menstruação é estressante. Detesto os sintomas pré e pós-menstrual no meu corpo e na minha mente. Apesar dos pesares, meu desejo é que menstruação deixe de ser um tabu. É natural das mulheres! Por que tratar algo natural como tabu?

L.M.S., 20, estudante

Sempre encarei menstruação como um alívio. Mesmo antes de ter a vida sexual ativa, era o deságue de dores e desconfortos. Após o início daquela, ainda mais aliviante. Não tenho tabus de falar que estou menstruada, que uso absorvente, de levar ele ao banheiro sem esconder de todos. Acredito que seja algo natural, às vezes mais problemático que outras, mas faz parte da minha constituição feminina e não desejo me livrar disso.

Débb, 20, estudante

Olha, eu tive que ressignificar meus ciclos para me sentir confortável com eles. Tive cistos na adolescência, cólicas terríveis, anemia forte. Eu menstruava a cada 15 dias e durante 7 dias direto, até que tive de tomar sulfato ferroso na veia, dia sim, dia não, no hospital. Depois de curados os cistos (tratei por 2 anos), demorei mais 6 pra pensar em menstruar de novo. Achava que seria o mesmo sofrimento de antes. Só que nem eu sou a mesma, nem meus ciclos! Agora nem cólica eu tenho. Ainda assim, não consigo desconsiderar a importância do tratamento ou criticar quem prefere tomar AC. Quando decidi, meus pais acharam que eu não sabia o que estava fazendo e que adaptar minha rotina aos ciclos era loucura. O ginecologista tranquilizou minha mãe. Ainda assim, o nojinho continua existindo. Continuam não querendo que eu fale quando estou menstruada, que eu tome mais banhos, que eu me depile mais (porque agora crescem mais pelos). Não faz sentido, pra mim, tanta imposição. Eu apenas quero não me entupir de hormônios, já que tenho essa possibilidade.

S., 22, socióloga

Quando era mais nova, eu odiava estar menstruada, odiava ser mulher por isso, odiava as cólicas e tudo o que vinha junto. Com o tempo e me descobrindo mais com meu corpo, comecei a aceitar a menstruação como saúde e como indicação de um bom estado físico e mental. A iniciação na vida sexual também me ajudou muito nesse quesito. No começo, eu tinha ressignificado a menstruação como um alívio de não estar grávida. Agora vejo que estava de certa forma errada. Menstruar, apesar de certos efeitos colaterais, pode nos dizer como estamos por dentro e saber como é meu ciclo me ajudou a compreender questões sobre meu corpo. É muito legal aprendermos sobre saúde sexual <3

Lara Lana Vieira,18, estudante

Não sofro muito com dores pré-menstruais, porém tenho ciclo longo e um fluxo intenso de sangue.

Anahisa, 25, psicóloga

Quando eu tinha 12 anos, muitas meninas da minha sala já tinham menstruado e eu ainda não. Eu meio que sentia aquela pressão disso não ter acontecido comigo ainda. Quando foi em setembro, eu fui ao banheiro na hora do intervalo no colégio e, quando abaixei a calcinha, vi muito sangue. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que eu tinha me rasgado ou me machucado de alguma maneira. Depois fiquei muito nervosa em como contaria para a minha mãe. Uma colega minha da época estava no banheiro me esperando quando eu saí e disse: “Letícia, acho que menstruei”. Ela me deu parabéns, mas disse que não tinha levado absorvente pra aula e me pediu desculpas. Coloquei muito papel higiênico na calcinha e esperei cerca de duas horas até ir para casa. No caminho, passei o caminho pensando em como iria contar para minha mãe. Quando cheguei em casa e fui tomar banho, tirei a calcinha, levei até minha mãe e disse que ou tinha me rasgado ou tinha menstruado. Ela ficou um pouco assustada, riu e me deu um absorvente. Me deu parabéns, explicou que agora eu era “mocinha” e que deveria tomar cuidado porque a partir daquele momento eu poderia engravidar. Eu chorei muito e ela me acalmou.

Camila, 22, estudante

Eu menstruei muito cedo e antes da maioria das minhas amigas (eu tinha 10 anos) e inicialmente eu não entendia muito bem o que era “menstruar”. Eu percebia que a vergonha de estar menstruada era comum entre meu círculo de amigas (cerca de 15 anos). Eu não gostava de ir ao supermercado comprar absorvente e sempre que íamos ao banheiro davamos um jeito de esconder o absorvente para que ninguém soubesse que estávamos menstruando. Com o tempo, lendo mais sobre o assunto e com autoconhecimento, entrei em paz com a minha menstruação. Agora sei identificar quando ela está chegando e o que consigo fazer para aliviar esse período. Não tenho vergonha nenhuma de conversar sobre isso, nem com minha irmã mais nova, e tambem não vejo problema em ter relação sexual durante esse período. Atualmente estou pesquisando os valores de coletores menstruais para abandonar os absorventes, pois passo muito tempo fora de casa e acredito ser antihigienico e sempre incentivo amigas a fazerem isso também.

J.A., 20, estudante

Só passei a conhecer meu ciclo depois que abandonei o anticoncepcional aos 23 anos, e a ter uma boa relação com a menstruação um ano depois quando comprei um coletor. Parecem coisas bobas, mas mudaram minha vida. Quando comecei a tomar a pílula, não sabia dos efeitos colaterais e, como comecei muito cedo, achava que o problema era a menstruação. Na verdade, todas que tomei me faziam mal (dores de cabeça, cólicas fortes, inchaço, falta de libido...). Outro "problema da menstruação" pra mim era o uso dos absorventes, que me davam muita alergia. Quando comecei a usar o absorvente interno, isso melhorou, mas ainda era desconfortável por ter que trocar o tempo todo. Quando conheci o coletor, fiquei apaixonada por ele e enfim fiz as pazes com meu ciclo e com a menstruação.

A.R., 26, pesquisadora

É algo que já é completamente é normal, que eu sei que vai acontecer durante um período do mês, mas sempre tem uma grande mudança quando ela chega. Não de maneira emocional, como afeta muitas mulheres, mas principalmente no físico. Tenho sempre um fluxo maior do que o normal para a maioria e as cólicas são sempre comuns. Preciso tomar remédios para que elas não venham com tanta intensidade, porque, se não tomar o remédio regrado, as cólicas surgem e impedem todo o funcionamento normal da minha rotina, elas são realmente muito fortes. Fora a intensificação das enxaquecas, que acompanham tanto o período pré quanto o durante. Toda a região próxima ao útero, o sistema digestivo, também é afetada. Então é um período do mês que às vezes chega a ocupar duas semanas somando o pré e o durante que afetam meu corpo.

E.M., 18, estudante

É bem complicado ver como as pessoas lidam com a menstruação. Homens atribuindo seu comportamento ao fato de estar ou não "naqueles dias", ficando chocados quando nós falamos abertamente sobre nossa fisiologia. É cansativo ver que o machismo se instala e se apropria das mais diversas coisas. Isso é refletido em questões puramente femininas, como a menstruação. Um tabu que não deveria mais existir.

Joyce do Nascimento, 23, enfermeira

Odeio menstruar. Principalmente porque eu fico muito fraca, cheia de dores, e perco muito sangue. Acabei me rendendo ao anticoncepcional. Por mais que meu anticoncepcional acarrete enjoos e dores de cabeça, ele me salva de ter anemia e eu consigo driblar esse momento que não ne deixa tranquila.

G.B., 19, acadêmica de turismo

Desde que comecei a ter relações sexuais fui orientada pela ginecologista a tomar a pílula anticoncepcional. Nos primeiros sete anos, eu achava que me sentia bem e que o método era ideal para mim. Minhas cólicas ficaram mais amenas e o fluxo menstrual menos intenso. Além de tudo, quando jovem, eu era muito magra, e o inchaço da pílula me fez sentir “bem”. Porém, após meus 24 anos, comecei a me sentir constantemente inchada e incomodada como uso da pílula. Como não tinha um parceiro sexual, resolvi parar de tomar. Nunca me senti tão bem com o meu corpo. Creio que os médicos tratam da pílula anticoncepcional como uma ótima solução que não deve ser questionada. Porém, as mulheres precisam ter consciência do que estão colocando em seus corpos, das consequências e das alternativas à pilula. Existe ainda o grande problema de que o mercado só desenvolve métodos anticoncepcionais que afetam o corpo da mulher, pois não existe pressão e demanda suficiente para a regulamentação e comercialização de anticoncepcionais masculinos. É uma questão muito complexa, principalmente nas sociedades sexistas em que vivemos, mas precisamos FALAR sobre isso, e desconstruir os discursos prontos que nos afastam da consciência sobre nossos próprios corpos.

Luíza, 26, empregada no terceiro setor

Por que é tao assustador para as pessoas falarmos sobre menstruação? Todos nascemos gracas a ela, e nem seu nome é tão citado. Se manchar a roupa a gente tem que se sentir no fim do poço? Se estiver de TPM é só frescura? Cansei. Falo mesmo, para todo mundo; falo abertamente sobre menstruação e sobre tudo o que envolve. Acho que essa também é uma fase do ciclo, aceitá-la.

Mari, 20, analista financeira

Menstruo desde os 11 anos. Fui mãe com 15 anos e desde que meu filho nasceu tomava anticoncepcional. Parei há um mês. Meu fluxo aumentou bastante e pareço estar descobrindo meu corpo novamente. Está sendo uma boa fase.

Andréia Cardoso, 26, servidora pública

É estranho estar menstruada, ou é o que eu acho na maioria das vezes. Não só meu físico muda como meu psicológico também. Fico mais emotiva, mais chorona e briguenta, qualquer coisa me estressa ou me deixa para baixo. Minha autoestima vira uma gangorra. Chega a ser cômico como eu mudo tanto em apenas uns dias.

Giovanna B., 19, estudante

Minha relação com a minha menstruação é ótima. Sempre a encarei como sendo meu "super poder". Ela me dá sinais do meu corpo funcionando. Nunca falei mal de menstruar, acho isso uma ingratidão a quem somos. Quando menstruei pela primeira vez me senti a pessoa mais incrível do mundo. Nunca senti vergonha por estar menstruada. Já aconteceu de absorvente cair na frente de todo mundo e eu só sorrir. Minha tristeza é pelo mundo não compreender nossos ciclos. Fico super mal, desanimada, aborrecida quando preciso trabalhar no primeiro dia menstruada, mas o problema é a sociedade não compreender os ciclos femininos, não o meu corpo. Meu corpo pede introspecção e isso não é respeitado. Não tomo anticoncepcional porque ele muda minha relação comigo mesma, me tira meu super poder.

Ana Catarine, 30, enfermeira

Bom, a menstruação pra mim é um alívio, sinto que eu estou sendo “limpa”. Limpa de energias que foram se acumulando durante o ciclo e alívio da TPM que, depois que larguei a pílula anticoncepcional, ficou bem acentuada. A menstruação pra mim deixou de ser algo ruim. Antes era ruim porque era somente associado como algo inconveniente: você fica “suja” e tem oscilações “chatas” de temperamento, além das dores da menstruação. Hoje eu não acho que a menstruação seja algo “sujo”, isso foi colocado na minha cabeça enquanto eu crescia. Absurdo achar que algo tão natural seja algo sujo! Hoje eu tenho uma melhor percepção dos sinais que meu corpo me manda e acho a menstruação fundamental para o fim e o começo desse ciclo.

Marjorie Leite, 26, zootecnicista

Minha relação com minha menstruação é ok. Até os 16 anos, tinha menstruado apenas 1 vez e, indo a ginecologista (pela 1ª vez também), descobri que tinha a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Comecei um tratamento nessa época. De fato, eu nunca fiquei feliz por estar menstruando, mas também nunca fiquei chateada (mentira, uma vez eu fui passar o ano novo na praia e fiquei menstruada e isso me deixou bem triste hahahaha). Sempre vi a menstruação como algo natural. Meu tratamento para a SOP durante um ano foi muito pesado, pois precisava perder peso (nunca entendi a relação, pois mesmo estando acima do peso não tinha e nem tenho até hoje diabetes, nem problemas de colesterol e triglicerídeos), e eu estava num ano muito com muita pressão, pois estava estudando para o vestibular. Minha menstruação só acontece com o uso de anticoncepcionais (sim, eu sei as consequências, mas gosto muito dos benefícios que tenho usando AC) . Não costumo sentir cólica, apenas dores de cabeça. Socialmente, gostaria que nosso sangramento periódico deixasse de ser tratado como um tabu. Em casa, mesmo morando com meus pais eu precisava menstruar, mas sem mostrar isso. Meu pai diz que é natural, mas deus me livre de um papel com sangue na lixeira do banheiro que por ventura possa ficar meio exposto. A mesma coisa com a minha mãe. Ela que me teve aos 20 anos de idade, não suporta ver tal cena. Nós nunca conversamos sobre isso. Só converso com a minha médica e com minhas amigas às vezes. Estando na faculdade sempre escondi meus absorventes indo ao banheiro quando precisava trocar. Nunca entendi isso. Não entendo o porquê de guardar tanto segredo sobre isso. É nosso processo natural para a concepção de outros seres humanos. Sempre sei quando vou ficar menstruada. Sei quando está descendo. E é sempre um mesmo pensamento: "tá vindo, só aguentar 5 dias e acaba".

Ana Paula, 24, estudante de química

Detesto menstruar desde que tive problemas (muita cólica, irregularidades, sangramento excessivo) devido a cistos no ovário. Desde então, regulo a menstruação com anticoncepcional. Tomo por 6 meses seguidos e dou uma pausa de 7 dias e assim por diante.

J.L.M., 27, assistente administrativa

Na juventude, passava muito mal com enjoos e dores quando estava menstruada, era horrível. Passei a tomar anticoncepcional (AC) com 22 anos e melhorei bastante. Deixou de ser um tormento mensal rsrs. Aos 33 parei de tomar AC porque queria me perceber sem aqueles hormônios e começou tudo de novo. Na verdade, piorou porque descobri que tenho endometriose e um tumor em desenvolvimento (felizmente, benigno), por causa da doença. Voltei a tomar AC sem interrupção pra ter qualidade de vida pois ficava inválida de dor, era MUITA DOR. Uma dor maior que a que senti nos 4 cm de dilatação no parto da minha filha, antes de ir pra cirurgia por um descolamento de placenta. Eu odeio menstruar, é isso. Estou bem sem ela.

Erika, 35, estudante

Eu detesto, mas mais por uma questão de que me priva de algumas situações, mas já tive vergonha. Afinal, como homem trans, tudo que é do corpo dito feminino é sinônimo da vergonha. Hoje não é mais. O que não faz da minha experiência uma regra.

R.L., 23, estudante

Eu menstruei bem tarde para a média das minhas amigas, que menstruaram com 11-12 anos. A minha menstruação veio só um mês antes de eu completar 14. Eu achava tudo isso muito estranho, nunca ninguém tinha tocado no assunto comigo. Lembro até hoje que primeira vez que descobri o que era “menstruação”, foi na casa de uma amiga, ela tinha falado “Acho que a L. já menstruou, ela já está com peito”. Na época eu tinha 10 anos e olhei para minha amiga, bem confusa: “O que é menstruar?” Ela me olhou estranho, perguntou porque eu achava que as mulheres usavam absorventes e eu respondi “Não era porque sai uma secreçãozinha? Minha mãe tinha me dito isso.” Na minha cabeça, as mulheres só usavam porque, vez ou outra, tinham uma secreção clarinha, como eu mesma já tinha tido. Nunca pensei que mulheres sangravam pela “florzinha”. Quando minha amiga me contou, fiquei pasma e tive quase uma crise existencial aos plenos 10 anos de idade. A partir daí, comecei a pesquisar na internet o que era, comecei a pesquisar em livros e revistas de adolescente. Eu não entendia porque ninguém falava sobre isso, nem mesmo minha mãe! Nessa mesma época, as meninas começaram a ir para ginecologistas, a fazer exames de ultrassom para verificar se estava tudo bem. Minha mãe também me levou a uma médica, endocrinologista, e eu não estava entendendo porque precisava ir ao médico, porque todas as minhas amigas também estavam fazendo o “exame que tem que beber dez copos de água antes para fazer com a bexiga cheia”. Para que isso? Hoje minha mãe me disse que tinha me levado a endócrino porque via que eu estava me desenvolvendo sexualmente mais tarde que minhas colegas. Minha mãe nunca me falou sobre o que era menstruação. Eu já sabia tudo sobre o assunto de tanta pesquisa que fiz, mas continuava sem entender porque ela não falava comigo, porque ninguém mais falava a não ser minhas colegas. Lembro que elas me olhavam muito estranho por ser a única que não menstruava (isso piorou muito aos 12-13 anos). Lembro até de uma vez que minhas amigas simplesmente me excluíram da roda de conversa porque eu não tinha peito, não precisava depilar (não tinha pelos) e não menstruava. Então, eu simplesmente comecei a mentir para elas. Eu sabia tanto sobre menstruação que podia tranquilamente fingir que menstruava! De repente, com 13 anos, minha mãe me chamou para o quarto. Ela tinha comprado uma caixa toda estampada com flores, que dentro tinha um diário e dois pacotes de absorventes. Então ela me explicou “S., toda mulher, em todo mês, sangra um pouquinho pela florzinha, mas não se preocupe. Não dói nada, é normal. Se isso acontecer com você, você me diz.” Eu estava tão abismada com todo o eufemismo, que não sabia o que falar. Eu então entrei na “brincadeira”, fiz cara de desentendida, perguntei se não doía mesmo (claro que eu sabia o que era cólica, que fazia minhas amigas faltarem as aulas de educação física). Então eu só peguei aquela caixa, levei ao meu quarto e deixei lá. Chegou uma época em que eu não me entendia mais. Porque eu não menstruava? Porque eu usava dois sutiãs para ir para a escola para fingir que tinha peito? Porque minha mãe não me dava aqueles sutiãs “bonitos” de bojo? Porque eu não ia ao salão como as outras meninas para depilar? É engraçado como nessa época eu desejava fazer tudo isso simplesmente porque era “proibido” para mim, enquanto minhas amigas odiavam. Enfim, com quase 14 anos, ela veio. E eu dei graças a Deus que eu era um ser normal. Minha mãe me deu um “parabéns” meio escondido, me ensinou a usar absorvente e pronto. Esse assunto nunca mais foi tocado lá em casa. Pedir absorventes era tão complicado! Eu esperava quase acabar para chegar no ouvido da minha mãe e dizer que precisava (não sabia porque fazia isso, acho que simplesmente porque ela falava sobre isso como tabu, então eu passei a falar assim também). Com o passar do tempo, foi ficando mais suave conversar sobre isso. E eu fui ficando mais independente também, já que no mundo das minhas amigas era comum falar sobre isso, mas não na minha casa. Eu então tinha uma mente bem aberta e entendia muito do assunto, passei a comprar meus próprios absorventes, meus remédios para cólica, meus próprios sutiãs, com o dinheirinho que juntava. Eu tive vários períodos de amenorreia (comuns para a época), mas eu também não contava para minha mãe. Quando tive meu primeiro namorado, minhas primeiras relações, minha menstruação parou, aos 19 anos, e eu fiquei desesperada. (Minha mãe também não sabia das relações sexuais, ela também vê como tabu e eu preferi esconder as idas aos médicos, o uso de anticoncepcionais etc). Na época, eu tinha tentado usar pílulas, mas tinha muitas dores de cabeça e resolvi parar. Foi na mesma época em que a menstruação parou e eu fiquei louca! Fui para médicas escondida, mas todos os exames deram normais. Passei um ano e seis meses sem menstruar e nem toquei nesse assunto com minha mãe! Só voltei a ciclar quando ganhei peso (hoje vejo que minha menstruação tinha parado pelos meus distúrbios alimentares) e me tratei psicologicamente. Aliás, esse meu namorado da época (bem abusivo) sentia muito nojo de mim quando eu estava menstruada, não queria nem que eu chegasse muito perto dele (?) e o assunto também era tratado com muito tabu. Graças, terminei o namoro, na mesma época em que voltei a ter ciclos normais e comecei a tratar minha saúde mental. Percebi que não tem motivo para tratar isso como tabu, que é normal e deve ser falado com naturalidade, faz parte do corpo da mulher.

S.E.R., 21, estudante

O pior problema da menstruação é a dor e o incômodo, além do sangue saindo. Usar absorvente muitas vezes incomoda, mas nem se comparada com as cólicas. Se o absorvente está aparecendo ou não, o tamanho, se está marcando na calca isso já pouco me importa. O que importa é o cansaço, é a dor. É ter que sair da casa todos os dias com aquela vontade de ficar deitada em baixo das cobertas pra ver se a cólica passa.

C.S.L., 22, estudante

Sempre amei menstruar e fui contra tudo aquilo que as mulheres da família falavam acerca da lua: que era desnecessário, dolorido, incômodo (não que não seja), "pra que existe isso?", "ser mulher é horrível!", "homem não tem isso, são privilegiados". E eu sonhando com a menarca, ansiosa pra conhecer a minha lua mensal. Tudo isso em silêncio, eu não tinha pares, não havia mulheres espelho na minha família, ninguém com quem me identificasse. Eu amava a minha menstruação em silêncio, e ela vinha arrasadora: muito fluxo, muita dor, muitos dias, muita cama nesses dias. Mas a maturidade me faz deixar ser quem eu sempre fui: uma mulher em paz com o seu aparelho reprodutor, que ama e reverencia ter útero, que pode ser mãe através dele e gerou mais três úteros. Isso não é lindo?! Auspicioso!

Marussa Campos Ferreira, 45, professora e pedagoga

Bom, eu sofro com os sintomas da menstruação antes mesmo de ela chegar, como a famosa TPM e cólicas. As cólicas, inclusive, indicam que minha menstruação vai chegar em um ou dois dias, ou até mesmo no mesmo dia. Sinto fortes dores nas pernas e costas também durante os primeiros dias e, em geral, eu passo de 8 a 10 dias menstruada. Até agora não encontrei uma medicação que diminuísse ou parasse as dores, e meu fluxo é bem intenso.

Ninha, 23, estudante

Minha relação com a menstruação é de amor e ódio. Apesar de serem apenas 3 dias sangrando, mexem demais comigo. Os hormônios, depois que vim morar sozinha, me afetam bastante. Já chorei sem motivo algum. De repente, me bate uma solidão e uma carência muito grande, mas tudo é uma questão de se conhecer. Hoje coloco um sachêzinho de lavanda no quarto quando sinto que estou ficando diferente e está ligado ao ciclo. Outra coisa que mudou bastante minha relação com o ciclo foi a aquisição do coletor menstrual. Nossa, sabe aquele rio? Não sinto mais. É muito libertador e até esqueço que estou menstruada. Ainda é um tabu o coletor, mas pouco me importa a opinião deles. Continuarei usando kk.

Paula, 22, estudante de pós-graduação

Minha TPM me deixava louca. Era como se uma outra pessoa assumisse o comando. 15 dias eu era feliz e 15 surtada e depressiva. Algumas vezes achava que realmente eu estava ficando louca. Passei dos meus 18 aos 22 anos achando isso. As reportagens que lia diziam a respeito de como combater a TPM, como se ela fosse algo ruim. No ano passado ingressei na psicoterapia e pude me perceber e analisar meus sintomas. Ingressei também em uns grupos só para mulheres no Facebook e lá várias mulheres relatavam suas experiências com a TPM. A partir disso, vi que não estava sozinha. Após a terapia e a união das outras mulheres do grupo tomei posse de mim e da minha TPM. Me analisava quando estava estranha e que tudo bem ficar daquele jeito por um tempo, me deu uma estabilizada no sentido "não estou louca e não estou só". Comecei a tomar óleo de prímula, óleo de borragem, óleo de linhaça e infusão de melissa e meus sintomas decaíram de 15 para 5 dias somente. Hoje tenho uma qualidade de vida melhor, porém acho que foi o combo. Não somente o uso fitoterápico, mas terapia, exercício e principalmente a forma como eu enxergava a TPM. Não é algo que devemos combater, algo que nos fragiliza, ela só pede um cuidado a mais conosco mesmas. Olhar por essa visão negativa nos impede de ver os potenciais que ela traz. Na TPM sou mais intuitiva, me cuido e fico mais sensível para aspectos que antes não atraíam minha atenção. Poderia discorrer sobre o assunto o dia inteiro. Acho o tema muito importante e ainda é visto com muitos estigmas.

Mitti Kuno, 23, estagiária de psicologia

Lembro que na época em que todas as meninas menstruaram pela primeira vez, falávamos baixo o que aconteceu porque parecia ser algo "sujo". Ao pegar um absorvente, escondíamos para que ninguém visse ou soubesse que estávamos menstruadas. À medida que cresci, tentei ao máximo desconstruir essa sensação de estar fazendo algo inapropriado ou sendo fresca por reclamar da cólica. Além, claro, de não ter vergonha de pegar um absorvente, apesar de ter momentos de recaída nessas mesmas vergonhas que não deveriam existir com relação a algo tão comum a maioria das mulheres.

Andreza, 20, estudante

Minha menstruação não me incomoda em nada, ou melhor, quase nada, porque usar absorvente externo é incômodo e não me adapto com absorvente interno. Mas não tenho TPM, não sofro com cólicas, não tenho fluxo intenso e dura em média 4 dias. Pra mim é tranquilo.

Anne, 29, manicure

Menstruação, para mim, nunca foi um tabu. Não entendia muito bem porque no 8° ano as meninas (até a professora) da minha sala andavam com o absorvente como se ele fosse droga. Nunca tive vergonha de falar a respeito e sempre ficava querendo comentar com as minhas colegas de classe, porém só consegui fazer isso realmente no ensino médio (a minha turma tinha 15 meninas, então éramos próximas). Começamos a falar sobre a loucura dos hormônios, as dores menstruais, os tipos de fluxos e compartilhávamos do mesmo sentimento "por que vêem isso como tabu? É TÃO NORMAL!!!". Eu anoto o meu ciclo menstrual e ele me ajuda a entender o meu humor, porque tem dias que tô mais tarada que o normal e outros que tô murcha murcha, além de me ajudar a entender melhor eu mesma. Tirando a parte das cólicas eu simplesmente acho uma experiência muito revigorante todos os meses.

R.L., 17, estudante

A menstruação é algo tão natural, comum e tão demonizada quê eu a conheci de forma totalmente clandestina, como se fosse algo super imoral. Quando menstruei pela primeira vez eu escondi da minha família por alguns meses, pois antes eu pegava absorventes da minha irmã escondida e tive q contar pois ela havia se mudado de cidade e eu não tive como esconder. Minha vó me deu um pacote de absorvente, todo mês ganhava 1/2, e ficava por isso mesmo, ninguém nunca falou do pq, nem quis saber se eu tinha questionamentos ou perguntas a respeito daquilo. Segui a adolescência odiando menstruar . Ainda não gosto muito, apesar de quê pouco sinto cólicas e tenho um ciclo super curto. Aprendi sobre meu corpo, sobre menstruação num grupo de contracepção no Facebook, pois havia começado a fazer uso de anticoncepcional, pílulas, e estava passando por momentos delicados, dores, mudanças de humor, libido baixo... resolvi buscar grupos para ver se havia outros métodos contraceptivos que não fossem hormonais e passei por um aprendizado tão necessário, que poderia ter me ajudado bastante na adolescência. Precisamos dialogar com as mulheres para que elas busquem perceber a si mesmas. É muito importante para a personalidade, autoconfiança e conhecimento de si. Nossos corpos não são impuros, nem objetos. Temos que buscar a emancipação por um todo. A começar pela nossa relação com nosso corpo e com a menstruação. É isso. Grata por isso.

Laís, 25, estudante

Minha menstruação veio um pouco tarde, com quase 15, mas desde então os ciclos tem sido muito dolorosos, as vezes desmaio de dor e isso se torna incômodo demais. Ginecologistas já recomendaram parar de menstruar porque é algo que sem dúvidas me incomoda MUITO, mas penso que não deveria.

Livia, 21, estudante

Menstruei com 12 anos e sempre odiei, passava muito mal! O fluxo era enorme, de usar absorvente noturno os 8 dias de menstruação. Fiz vários exames e não tinha nada. Até que, quando perdi a virgindade, fiz uma transvaginal e descobri um mioma na parede do útero que me causava todo esse transtorno. O mioma estava crescendo, então os médicos me sugeriram parar de menstruar. Tomo anticoncepcional de uso contínuo desde então, há mais de 10 anos. Vivo muito bem, não engordei, não sinto NADA, não tenho oscilação hormonal e, o melhor, o mioma não só parou de crescer como diminuiu bastante. Foi a melhor coisa que me aconteceu. Não quero engravidar, mas os médicos dizem que se eu quiser será bem fácil, só parar com o remédio. Quando eu falo que não menstruo há mais de 10 anos, as pessoas me olham torto, falam muito, mas nem ligo! Sei o quanto eu estou bem e eles desinformados.

Carol, 31, visual merchandiser

Carolina
Lili
K.B
Q.F.C
Laís
R.R.B
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